Conhecimento a toda prova

Em pesquisa de 2014, a Fundação Dom Cabral apontou que 91% das empresas têm dificuldade de encontrar mão de obra especializada, situação que cria um gargalo no mercado. “A mão de obra recém-formada chega despreparada e as empresas têm de investir na educação”, afirma o professor de gestão empresarial, Paulo Renato de Sousa, representante da instituição.

Atentos à necessidade do mercado, as empresas do setor do alumínio investem em iniciativas com a intenção de treinar, orientar e formar profissionais capacitados para atender às exigências. São cursos, workshops e palestras oferecidos por associações, empresas da indústria e universidades para quem busca se especializar, atualizar ou está se preparando para entrar no mercado de trabalho.

O professor explica que um dos fatores que ainda perpetuam o cenário é uma questão meramente cultural: estudantes valorizam mais a formação acadêmica e “pulam a etapa” do curso técnico, no qual entrariam em contato com o material de trabalho. “O Brasil cresceu e se desenvolveu, mas a infraestrutura não acompanhou isso, portanto existe um gap no mercado, causando essa deficiência em diversas áreas”, avalia.

A Novelis investe cerca de R$ 2 milhões anualmente em capacitação técnica dos profissionais e também no desenvolvimento da liderança. “Quando demandamos profissionais mais especializados, que conheçam o processo do alumínio, há certa dificuldade em encontrá-los. Por isso, à medida que a empresa cresce, também aumenta nossa necessidade de recrutar, desenvolver e reter talentos na organização”, explica Patrícia Bollini, gerente de recursos humanos da empresa.

Há empresa também oferece treinamentos em sala de aula para assuntos mais específicos como, por exemplo, procedimentos para usar metal líquido. Os funcionários aprendem a entender os riscos, como manusear e o que fazer para garantir que o produto esteja de acordo com a qualidade. Para os engenheiros, há também treinamentos sobre os processos de laminação. “Como empresa, a Novelis precisa contratar um número significativo de novos engenheiros ao longo da próxima década a fim de manter sua liderança e apoiar seus planos de crescimento”, sinaliza Patrícia.

No desenvolvimento do mercado, as empresas mostram preocupação em valorizar os colaboradores, que estão cada vez mais abertos às novas tendências. “Há uma clara mudança no perfil dos profissionais hoje, e isso no mercado como um todo. O perfil mais desejado para contratação aproxima-se muito ao do empreendedor”, analisa Sousa, da FDC.

Já a Sapa aposta no Sapa Academy, evento internacional dedicado a profissionais focados em desenvolvimento de produtos de diversos segmentos. O objetivo é transmitir conhecimento sobre as possibilidades que o alumínio apresenta, tanto na produção, como o design, tecnologia e aplicação de perfis.

Com a valorização do colaborador e a garantia de retorno, o investimento na capacitação se mostra uma saída para tempos de crise e também uma tendência de melhoria para o setor do alumínio. O investimento também reflete na redução de acidentes de trabalho e imperícia, além de racionalizar as operações das empresas. “Os benefícios de uma qualificação são vários, é uma relação “ganha-ganha” entre profissional, fabricante e empresas”, diz Vânia Caneschi, coordenadora de atividades técnicas do Senai Tatuapé, que oferece cursos de desenhista, instalação e manutenção de esquadrias, serralheiro de alumínio e do programa de projeção Autocad 2D aplicado a esquadrias de alumínio Por sua vez, a Belmetal oferece capacitação gratuita aos clientes, programas que apresentam as normas de desempenho dos sistemas – cursos realizados em colaboração com a Associação Nacional de Fabricantes de Esquadrias de Alumínio (Afeal) – e também treinamentos práticos feitos em parceria com ao Programa de Apoio ao Setor Vidreiro (PAV).

O Projeto Abal Alumínio nas Escolas têm investido em ações, palestras e workshops para aumentar o debate sobre o alumínio nas universidades do país

Ari Nonatto, gerente de engenharia e produtos da Belmetal, comenta a importância de evidenciar o uso diferenciado que o alumínio proporciona. “Nossa participação se dá no sentido de informar, principalmente para estudantes de arquitetura, o caminho mais adequado na construção de uma fachada, por exemplo, evitando possíveis improvisos. Esse know-how evita contratempos para o arquiteto que está no início da carreira”, exemplifica. Para ele, “a divulgação do conhecimento interfere principalmente na produção”, por isso as empresas investem na quebra de noções errôneas sobre o metal, nascidas durante a formação e disseminadas entre os profissionais. A Belmetal é parceira da Votorantim Metais – CBA em outra iniciativa: o projeto social Futuro em Nossas Mãos, voltado para a capacitação profissional de serralheiros e instaladores de esquadrias de alumínio. Em atividade desde 2006, o já capacitou mais de 400 jovens e inseriu 60% destes no mercado de trabalho.

Cursos para serralheiro, projetista de esquadrias, metalurgia, extrusão e anodização, entre outros, acabam sendo alternativas essenciais para a formação completa de um profissional do setor. “Encontrar um soldador aquático, por exemplo, é muito difícil. E trata-se de um cargo que exige mão de obra técnica, mas com um salário alto”, conta Renato, da FDC.

Diante do fato de que grande parte dos profissionais não dominam a tecnologia e suas vantagens e ainda possuem mitos tais como as dificuldades de soldar e fazer manutenção, cursos de especialização são muito importantes.“Os estudantes não conhecem os benefícios de trabalhar com ligas mais leves que as convencionais aplicadas e ainda desconhecem os processos de solda e manutenção de estruturas de alumínio”, diz Cleber Gomes, membro do Comitê Educação e Engenharia do SAE Brasil.

A Associação Brasileira do Alumínio (Abal) também oferece cursos e palestras [confira a programação na pg. 48]. Além disso, outra aposta é o “Alumínio nas Escolas”, em busca de introduzir o metal como matéria nas principais universidades do país. Investir na difusão do conhecimento tem dado bons resultados, como conta Ayrton Filleti, coordenador do projeto na Abal. “É interessante conversar com quem já está no mercado, mas ainda não tem total noção dos benefícios do alumínio. E o feedback é sempre positivo; é importante existir esse diálogo com os estudantes”, avalia.

TRADIÇÃO EM ENSINAR

Em 1981, o então consultor da Alcoa Harald Øye convidou colegas para criar um curso sobre a produção primária de alumínio. Quase 35 anos depois, o agora professor da Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia é responsável por um evento internacional, já ministrado em mais de trinta países, discorrendo sobre o processo metalúrgico do alumínio. Segundo ele, não deve haver preconceito contra uso do alumínio, pois a dificuldade dos processos de união já foi há muito superada. “Eu tento promover alumínio como uma operação de alta tecnologia”, afirma Øye, que aponta: “A universidade tem tido uma tradição de boa cooperação com a indústria. Nossos projetos de pesquisa têm sido financiados 50% pelo Conselho de Investigação e o restante pela indústria”, conta o professor, que já visitou fundições brasileiras e teve alunos do país em suas palestras. “Já visitei muitos lugares, mas os engenheiros brasileiros são de fato, muito competentes”. Para Øye, a educação vem em primeiro lugar como estratégia para melhorar ainda mais a aplicação do alumínio na sociedade.

 

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