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Verticalização valoriza o produto nacional

“Não escolhemos nossa vocação, mas sabemos o futuro que queremos.” É assim que Adnan Demachki, secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico, Mineração e Energia do Pará, define o potencial em recursos naturais que o estado possui. Como o próspero caminho de crescimento que as atividades da indústria do alumínio têm traçado dentro dos planos do projeto Pará 2030, que visa melhorar a situação socioeconômica do estado nos próximos quinze anos.

“O projeto elegeu treze cadeias produtivas prioritárias. A do alumínio é hoje a mais verticalizada, mas deve continuar buscando mais agregação de valor”, afirma Demachki. A atuação de empresas do setor na região é responsável pelo desenvolvimento, que vem acontecendo gradualmente, e que fez do Pará um sinônimo de produção de alumínio.

Diretamente ligada às expectativas da expansão da região está a chegada de uma nova empresa: a Alloys Pará, que com um investimento de cerca de R$ 400 milhões irá implantar, entre 2017 e 2019, um complexo industrial de 430 mil metros quadrados com nove plantas voltadas para o metal: caixilhos, extrusão, pintura e anodização, peças injetadas, placas fotovoltaicas, reciclagem, rodas, tarugos e usinagem. “A princípio, terá capacidade instalada para transformação de até 84 mil toneladas ao ano de alumínio primário e até 40 mil toneladas de liga de alumínio, para a produção de rodas de liga leve”, aponta Marcel Popovici, sócio-diretor da empresa.

Ele adianta que uma das propostas é selar um compromisso com os possíveis fornecedores e criar um centro de treinamento da mão de obra local, propiciando a melhoria da capacitação técnica. “A proposta é levar para Barcarena o que há de melhor em tecnologia em equipamentos para realizar as transformações do alumínio”, diz.

POTENCIAL

Um dos objetivos, e vantagens, da verticalização é conseguir ganhar mercado e atingir um nível de valorização do produto nacional. Atualmente, o Brasil importa alumínio, mesmo com potencial para se tornar um grande exportador. Os players do mercado e governantes do Pará buscam mudar esse cenário, como mostra Demachki: “Se olharmos a produção, 75% da extração de bauxita é transformada em alumina e 70% da produção da alumina é exportada, restando somente 30% para o mercado interno. Com base nos investimentos programados, a maior oportunidade na cadeia do alumínio está no processamento da bauxita em alumina, com previsão de R$ 14 bilhões a R$ 18 bilhões para 2030”.

1967 – NASCE A MRN
Após a descoberta de bauxita na Amazônia pela Alcan, é criada a Mineração Rio do Norte e, pouco tempo depois, o Projeto Trombetas

1984 – VALE DO RIO DOCE
Em um empreendimento envolvendo capital japonês, a empresa estabelece uma nova indústria na região: Albras-Alunorte

1985 – ALBRAS
Inaugurada em Barcarena, é hoje uma das maiores fábricas de alumínio das Américas, com capacidade de produção de 460 mil toneladas ao ano

Um dos responsáveis pelo crescimento do estado no setor do alumínio foi o Polo Industrial de Barcarena, resultado de uma parceria entre Brasil e Japão. O Polo incluiu a construção do Porto de Vila do Conde, em 1985, cuja localização é responsável pelo seu êxito. A cadeia do alumínio no Pará movimentou R$ 7,25 bilhões, em 2014, o que equivale a 13,4% dos negócios do segmento no Brasil, além de manter 8,1 mil postos de trabalho diretos e 4,5 mil indiretos e de consumir R$ 1 bilhão em bens e serviços de toda a cadeia setorial paraense. O fortalecimento das indústrias na região significa não apenas crescimento e dinâmica da economia local, mas fôlego para toda a cadeia no país. A Alubar, fornecedora de cabos de alumínio, é uma das pioneiras no processo, tendo iniciado suas operações em 1998, com a produção de vergalhões de liga de alumínio para fins elétricos e siderúrgicos.

Assim como a Hydro, proprietária da mina de bauxita Hydro Paragominas, da refinaria de alumina Hydro Alunorte, também em Barcarena, e acionista majoritária da Albras, fábrica de alumínio primário no mesmo município, que juntas são um exemplo completo da verticalização. José Maria Mendonça, vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Pará (FIEPA), aponta que o cenário irá mudar ainda mais e a Alloys é um exemplo a ser seguido, especialmente por ter como uma de suas prioridades as melhorias para a sociedade. “A atuação das empresas já instaladas na região quebrou antigos paradigmas e criou uma nova interação com a sociedade”, explica.

Com os anos, a Alubar conquistou o reconhecimento dos paraenses. Em março, foi eleita a melhor empresa para trabalhar no Pará, pelo Prêmio Prazer em Trabalhar 2016. Ricardo Figueiredo, diretor executivo da empresa, acredita que o reconhecimento seja fruto de um trabalho que valoriza a região.“Quando você exporta alumínio sem beneficiamento é uma coisa, mas ao beneficiar esse metal é um efeito multiplicador muito grande”, afirma o diretor, ressaltando a importância do processo de verticalização.

Com o processo de criação de uma unidade de fabricação de cabos de média tensão, com 70% da produção em alumínio, para o final de 2016, a Alubar mostra que o momento é de continuar apostando no metal e na região. “É importante valorizar a indústria e o produto nacional. Estamos participando dos grandes projetos de linha de transmissão, fornecendo para concessionárias de energia elétrica e com um nível de qualidade competitivo com o mercado internacional”, conta Figueiredo. O investimento total na unidade foi de 130 milhões de reais e a capacidade esperada é de 400 toneladas de cabos por mês. “Para alcançar esse resultado, é necessário melhorar o produto, treinando pessoas competentes, trabalhando com equipamentos de última geração. É o caminho que todos devem seguir para que seus produtos sejam aceitos”.

1995 – ALUNORTE
Inicia suas operações, no Polo Industrial de Barcarena, gerando empregos na região e
atendendo aos mercados nacional e internacional. É hoje a maior refinaria de alumina do mundo

1998 – ALUBAR
Início oficial das operações da fornecedora nacional de cabos, que se tornou uma
das mais importantes da indústria no Brasil

2011 – HYDRO
Desde os anos 1970 possuía parte da MRN, adquire os ativos de alumínio da
Vale e torna-se proprietária da Hydro Paragominas, da Hydro Alunorte e acionista
majoritária da Albras

2015 – RECICLAGEM
A Novelis inaugura o Centro de Coleta de Ananindeua, com capacidade de processar
500 toneladas de sucata de alumínio por mês

2015 – PARÁ 2030
Projeto de desenvolvimento econômico local dos próximos 15 anos, que aposta
nas principais cadeias do estado, entre elas a do alumínio

2016 – ALLOYS PARÁ
Com investimentos da ordem de R$ 400 milhões a empresa irá implantar
nove unidades de transformação de alumínio

 

ESTRUTURA

Da mesma forma trabalha a Novelis, ciente de que há ainda muito espaço para o crescimento da indústria e a substituição de outras aplicações existentes pelo alumínio. “O consumo per capita de alumínio do brasileiro de 7,5 kg contra 35,3 kg na Alemanha, segundo dados de 2013 da Abal, deixa claro que existe este espaço”, afirma Luciano Zollinger, gerente de Negócios de Reciclagem. Como é o caso da abertura do Centro de Coleta de Ananindeua, da Novelis, em março de 2015, que ajudará na captação de sucata de lata que antes era exportada, além de promover uma proximidade com pequenos fornecedores e cooperativas da região. “Com capacidade de processamento de 500 toneladas por mês, foram investidos US$ 300 mil para a abertura do centro com a estruturação de segurança e tecnologia compatível com as nossas operações”, conta Zollinger.

Outro projeto que trará mais investimentos ao Pará é o Alumina Rondon, que pertence à Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), que prevê lavra de bauxita integrada à refinaria de alumina, no município de Rondon do Pará. Atualmente, a companhia trabalha no cumprimento das condicionantes da Licença Prévia, exigidas no processo de licenciamento pelo órgão ambiental, para, posteriormente, protocolar a solicitação da Licença de Instalação.

APOSTA

“Temos o objetivo de desenvolver operações robustas e viáveis no Pará e agir como facilitadores para o crescimento sustentável da região”, aponta Anderson Baranov, diretor de relações governamentais e comunicação da Hydro, que até 2018 pretende aumentar a capacidade de produção da Alunorte de 6,3 milhões de toneladas para 6,6 milhões de toneladas de alumina. “Hoje geramos cerca de 8,5 mil empregos diretos e indiretos, investimos R$ 9,2 bilhões nos últimos doze anos e gastamos, anualmente, R$ 800 milhões em compras de bens e serviços no Pará”, diz.

Ele ainda afirma que para o país obter sucesso com a indústria é preciso construir uma combinação entre governos e empresas de ponta que entendam e vislumbrem a oportunidade no final da cadeia. O que requer um conjunto de fatores que compreendem logística, tecnologia, oportunidade de matéria-prima, mão de obra, entre outros. Anualmente, a empresa fornece 50 mil toneladas de alumínio líquido da Albras para a Alubar, volume este que deve aumentar, levando as vendas internas a 84 mil toneladas, atraindo novas indústrias de valor agregado. Outro fato que contribui para o potencial da região é a localização das refinarias de alumina.

A proximidade com as minas e portos possibilita uma redução de custos devido à maior eficiência logística. Dentro destas perspectivas, Popovici, da Alloys, ainda aponta o leque de oportunidades presentes nos mercados nacional e internacional para produtos semimanufaturados e manufaturados de alumínio, e resume: “Acreditamos no potencial do Brasil”.

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